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Exportação de cortiça em Portugal em 2016.
24 September, 2017

Portugal exportou 937,5 milhões de euros em cortiça em 2016, um recorde absoluto. Associação do setor diz que crescimento se deve à inovação e ao investimento em comunicação lá fora.

Portugal exportou 937,5 milhões de euros em cortiça em 2016, um recorde absoluto e um crescimento de 4% em relação ao ano anterior. A associação do setor considera o resultado “extremamente positivo” e define como objetivo para 2017 chegar mesmo aos mil milhões de euros em exportações. A explicação para o sucesso? Inovação e investimento em comunicação lá fora.

“Este recorde é o resultado de mais uma etapa do processo iniciado pela cortiça já há alguns anos, no sentido de se afirmar não só no mundo do vinho, no qual quer continuar a provar que é o melhor vedante, como também através de uma busca incessante de novas aplicações”, assinala João Rui Ferreira, presidente da Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR), em comunicado enviado à imprensa esta quarta-feira.

90% da cortiça que é produzida em Portugal é exportada — para 133 países, segundo a APCOR. A utilização final é, sobretudo, a rolha (72%) mas, também, para materiais de construção (25%) e outros produtos (3%), as tais “novas aplicações” de que fala o presidente da APCOR.

O sucesso deve-se ao esforço na renovação de processos e produtos, do investimento em inovação e da política de comunicação internacional consciente e sustentável ao longo dos últimos 15 anos” (João Rui Ferreira, presidente da Associação Portuguesa da Cortiça).

O contributo para a balança comercial portuguesa é “extremamente positivo”, diz a associação. A cortiça contribuiu com 7,5% para o aumento das exportações nacionais em 2016.

Para 2017, “o objetivo é chegar aos mil milhões de euros de exportações e vamos continuar atentos àqueles que consideramos os três grandes pilares da nossa cadeia de valor, com uma aposta clara no mercado, na evolução da indústria e na proximidade com a produção, para que possamos ter mais e melhor cortiça em Portugal”, afirma João Rui Ferreira, presidente da associação sediada em Santa Maria da Feira.

Fonte: Observador

A cortiça
15 September, 2017

Mais ecológico não há. Natural e macia, mantém o fresco e também o quente, quando é preciso, e é usada para tornar o ambiente confortável e acolhedor. A cortiça é um dos produtos naturais mais característicos de Portugal e faz parte do quotidiano sem darmos por isso.

As rolhas das garrafas de vinho são o objeto mais conhecido mas existem muitos artigos em cortiça: acessórios de moda, roupa e sapatos, mobiliário e revestimentos, de chão ou parede, entre outros. A invenção recente do tecido de cortiça veio revolucionar esta indústria e colocar em evidência as suas propriedades tão apreciadas: é resistente, versátil, reciclável, hipoalergénico e tem qualidades térmicas e acústicas. Para além disso, tem um processo de transformação muito simples para poder ser trabalhado.

Para além dos objetos de utilidade diária, a cortiça faz parte da história de Portugal e pode ser encontrada em muitos monumentos e pontos de interesse:

– no Convento de Cristo, em Tomar, classificado Património Mundial, a janela da Sala do Capítulo é um dos pontos a não perder, pela sua simbologia e ligação à história dos Descobrimentos. Entre os elementos esculpidos na pedra encontramos troncos de sobreiro, relembrando a sua utilização nas caravelas dos navegadores portugueses.

– os monges sabiam bem como a cortiça podia tornar o ambiente mais confortável. Exemplos disso são o Convento dos Capuchos, em Sintra, o Convento de Santa Cruz do Buçaco e o Convento da Serra da Arrábida, em que as celas e algumas dependências comuns são forradas a cortiça.

– os presépios do sec. XVIII, da autoria do escultor Machado de Castro, com figuras de terracota em cenários de cortiça são uma referência na história das artes decorativas portuguesas. Um deles pode ser visto na Basílica da Estrela, em Lisboa.

– em, Sintra, o Chalet da Condessa d’Edla foi construído e decorado de acordo com o espírito romântico do séc. XIX. Nas ombreiras das portas, janelas e óculos, a cortiça é um dos elementos decorativos mais expressivos.

– no Algarve, São Brás de Alportel é uma localidade onde a indústria da cortiça teve grande importância para o seu desenvolvimento. Atualmente, é o centro de uma Rota da Cortiça.

– a história da cortiça  desvenda-se também nos museus locais, sejam etnográficos, como o Museu José Régio, em Portalegre, ou ligados à arqueologia industrial, com o Ecomuseu do Seixal.

Portugal é o principal produtor mundial de cortiça, responsável por mais de 60% do volume das exportações mundiais, e tem uma área de sobreiro correspondente a 25% da existente no mundo inteiro. Por isso, quando viajar pelo país, sobretudo no Alentejo, repare como o sobreiro é uma das árvores mais comuns na paisagem.

SABIA QUE…?
Sendo a cortiça um produto natural altamente versátil, permite fazer coisas quase inimagináveis. Veja os exemplos.

Um vestido para Lady Gaga
Foi com tecido em cortiça da Pelcor que a designer Teresa Martins trabalhou recentemente num visual completo que criou para a Lady Gaga. Inspirando-se na música da conhecida cantora e na obra de arte de Klimt, que Viena homenageou celebrando o seu 150º aniversário, Teresa Martins criou um vestido em cortiça folheada a ouro e prata e bordado à mão com missangas e fios metálicos, recriando as texturas e composições que se conhecem dos quadros do pintor.
O vestido que simboliza a fusão entre moda, música e arte demorou 2 anos a ser produzido e foi oferecido a Lady Gaga, que o usou numa ArtRave que aconteceu em Lisboa, a seguir ao concerto que deu em Lisboa, em novembro de 2014. O momento foi tão apreciado que Lady Gaga o partilhou nas redes sociais.

Obras de arte feitas de rolha de cortiça
Depois de utilizadas nas garrafas de vinho, as rolhas de cortiças podem parecer inúteis, mas há artistas que lhes dão uma nova função e as utilizam para criar obras de arte.
Scott Gundersen é um artista norte-americano, de Chicago, que utiliza rolhas de cortiça nas suas obras. O primeiro rosto que criou foi o de Jeanne, em 2009, com 3842 rolhas e em 2010, criou o rosto de uma amiga, Grace. Esta obra gigantesca ocupou o artista 50 horas e utilizou 9217 rolhas de cortiça. É também a sua forma de chamar a atenção para a importância da reciclagem e da arte sustentável.
A convite do Turismo de Portugal, Scott Gundersen apresenta a reprodução de um retrato do Rei Felipe VI e da Rainha Letícia, na feira internacional de turismo, FITUR, em Madrid. O quadro será composto por mais de 30 000 rolhas e terá 2,36m de altura e 3,3m de comprimento. Pesa cerca de 140 kg.

Isolamento utilizado pela NASA
A empresa portuguesa Corticeira Amorim é um dos principais parceiros no fornecimento de soluções de isolamento para a NASA.

Uma prancha de Surf em cortiça
O surfista havaiano Garrett McNamara, que surfou uma das maiores ondas do mundo, tem uma prancha de surf totalmente feita em cortiça portuguesa. Foi um trabalho conjunto, em que dezenas de profissionais de design, investigação, aerodinâmica e desenvolvimento de materiais, além do próprio Garrett McNamara, ajudaram a produzir a prancha ideal para aguentar e surfar as ondas gigantes do canhão da Nazaré.

Skates com melhor performance
Um inovador skate de cortiça foi desenvolvido pelo produtor australiano Lavender Archer Cork Skateboards, com o apoio da Corticeira Amorim. A sua produção em laminado de cortiça, com comprovados benefícios ao nível do desempenho, foi motivada pela necessidade de reduzir a vibração típica dos tradicionais skates atualmente existentes no mercado.

Fonte: Turismo de Portugal